18 de junho de 2013

Dreamzzzz...

1º episódio

- Cátia!!!
- Hã!!!? - despertou Cátia violentamente, sob o grito da amiga - Que foi? Onde estou?
- Calma miúda, ahahah! Sou eu. Isto é que são oito horas à minha porta? Esperei, esperei, esperei, até que decidi vir eu a tua casa e o que vejo? Tua ainda na cama! Levanta-te, mulher!
Cátia lentamente desliza as pernas para fora da cama e leva a mão à cabeça:
- Sonhei outra vez com ele...
- Ele quem? Espera... não me digas que foi com o tal que nunca conheceste? Ó se faz favor... E por isso ainda estamos aqui! Veste-te que tu precisas é de um café nessa cabeça! Bora!
Cátia dirige-se à casa de banho para aliviar os líquidos acumulados durante a noite, lavar-se e arranjar-se decentemente, e levanta a voz para que Verónica, a amiga que esperava no quarto, a ouvisse:
- Vais-me dizer que isto nunca te aconteceu?
- O quê? Sonhar com gajos que nunca conheci? Óuó... É quase todos os dias! Principalmente se forem bons! É pena é ser só sonho. Porque na realidade nunca são assim - dá uns toques no cabelo, olhando-se ao espelho por cima da cómoda do quarto de Cátia - Tomara eu conhecer um homem como os que a minha imaginação faz.
Minutos depois, Cátia, já aprontada e vestida, pega no braço da amiga e saiem as duas de casa:
- Bora lá, como tu dizias, bem que preciso de um café.
Ao dobrarem a esquina para uma das avenidas mais movimentadas da cidade, onde se encontravam também muitos turistas, as amigas cruzam-se com um homem esbelto, que lhes sorri. Verónica comenta:
- Ui... Aquele deve ser italiano - já a uns passos de distância dele, levanta a voz, como que para ser ouvida - Rasgava-te esse fatinho todo, querido... - vira-se para Cátia - É tipo aquele, o gajo com quem sonhas?
Cátia, sorrindo entretida com a lata da amiga para com o estrangeiro:
- Sei lá, maluca. Acho que o gajo do meu sonho não tem rosto. Ou pelo menos eu nunca me lembro da cara dele.
Verónica, percebendo que o assunto não atava nem desatava, adianta-se ao passo de Cátia, vira-se para ela e bloqueia-lhe o caminho repentinamente:
- Espera lá! Tá na hora de esclarecermos essa tua fantasia. Ora tu sonhas com um gajo que nem conheces, que nunca lhe viste a cara, nem nunca lhe ouviste a voz, certo?
- Sim... Só trocámos umas conversas num fórum online sobre moda, nada mais - confessa Cátia, tentando perceber a que ponto queria a amiga chegar.
- Pois então pode ser um gajo qualquer, ora! Como os que eu sonho, que são simplesmente gajos que a minha imaginação cria. Porque pensas que o tipo com quem sonhas é o mesmo com quem teclas na net?
- Porque assim ele me diz, no sonho.
Verónica, imobilizada, olha nos olhos da amiga, parva com o que tinha ouvido.
- Desculpa? Tás-me a dizer que esse tal de... como é que dizes que ele se chama?
- Versaci, é o nick dele no fórum.
- Ok, então esse tal Versaci... que tu nunca viste, - arregalando os olhos para demonstrar o absurdo - nunca ouviste, nem sequer sabes se é real... disse-te, nos teus sonhos, que é ele mesmo?!
- Iá... e depois? Vais-me chamar maluca?
- Não sei se maluca, se génia. Nem sei em que se enquadra essa cena! Mas lá que é fantástica, é! - retomando o andar, já ao lado da amiga, dirigindo-se ambas ao café do costume - E não tens curiosidade em conhecê-lo?
- Nem por isso... Acho curioso este meu sonho, nada mais - sentando-se à mesa e fazendo, com os dedos, sinal de pedido de dois cafés ao empregado que já conhecia - Acho até que foi o tema que discutimos que mais me interessou.
- Ou seja... - Verónica pausa dois segundos para organizar as ideias - Tanto quanto sabes, até pode ser um daqueles gajos que estão ali na mesa do canto - fazendo sinal com o olhar - Pode ser até o gajo da tua vida, aquele perfeito para ti, e tu não queres saber? Fogo... eu acho que ia investigar!
- Verónica... - Cátia rebola os olhos para a amiga - Se for o homem da minha vida e tiver de acontecer, acontece. Se não for, tenho outro desgosto para juntar ao molhe. Deixa lá que estou bem assim. Prefiro o conforto dos meus sonhos à realidade crua e dura - e remexe com a colher o café que já estava na mesa. Verónica recosta-se à cadeira e deixa o olhar passear pela esplanada do café:
- Olha, querida... - leva a chávena aos lábios, bebe um gole, e pousa - Agora falaste bem. Quando tiver de ser, é. Acho que vou adoptar o teu sistema.
Cátia olha de lado para a amiga e sorri, abraça-a e beija-a na bochecha:
- Mas isso não quer dizer que temos de parar de admirar homens jeitosos, pois não?
- Ai isso nunca! Nós duas juntas é o prato do dia! - e riem-se ambas com vontade, levadas depois às gargalhadas, deixando a restante clientela do café a olhá-las de espanto. Ainda a rir, Verónica volta a mirar o jeitoso da mesa do canto:
- Ai esta vida...


Não percas o próximo episódio...


15 de junho de 2013

Fast but not furious

Ah ah ah... - riu-se largamente o velho - Então? Já aprendeste ou queres levar mais?
O jovem levanta-se e corre em direção ao velho, salta de forma louca, estica a perna com intenção de acertar no peito do velho, mas apenas passa de raspão na sua túnica, e volta a ir ao chão com grande estrondo! O velho, depois de tantos desvios que fez ao jovem aprendiz cheio de força, decide terminar o treino por hoje e, sempre sorridente, diz-lhe:
- Rapaz... Tu tens muita vontade, mas há algo que tens a mais... A fúria! No dia em que te mantiveres sereno talvez possas vencer este pobre velho. Até lá, vai aprender a amar.
O jovem não compreendeu. Havia ainda de muito sofrer com a sua fúria, mas assim era o caminho. E o velho sabia-o. Apenas sofrendo o suficiente, poderia deixar o que estava a mais.