3 de março de 2017

Dualidades

Formigueiro nos pés... A única coisa que eu sentia, além de uma sensação crescente de frio pelo meu corpo. Ainda de olhos fechados, calculei que o cobertor tivesse deslizado cama abaixo enquanto eu dormia. Mas outra coisa alterou esse pensamento... Uma ligeira brisa fria e húmida pelas minhas costas. "Estranho..." comecei eu a pensar, mais claramente, à medida que me sentia despertar. Os sentidos iam-me dando informações de que não estaria no local seguro onde costumo acordar todos os dias, a minha caminha. Começando a temer onde raio estaria eu, temi também abrir os olhos. "Abre-os devagar e tem calma..." A sugestão colocada, não pela minha mente, mas por outra voz externa, provocou-me o efeito contrário: abri-os repentinamente, surpreendido pela voz desconhecida. Um clarão quase me cegou, dando razão à sugestão da voz estranha, pelo que cerrei rapidamente de volta os olhos. Nos milésimos de segundo que vi, apesar da visão turva que obtive, vislumbrei o que me pareceu ser um monstro reluzindo verde e amarelo, suspenso no ar, de costas para mim, como que aguardando o meu despertar. "Que raio me está a acontecer?..."

(Em breve, o próximo episódio...)